terça-feira, 2 de julho de 2013

Nos contentamos com pouco?

" Se hoje a noção de que é errado desejar a nossa felicidade e esperar ansiosamente gozá-la esconde-se na maioria das mentes, afirmo que ela surgiu em Kant ou nos estóicos, mas não na fé cristã. Na realidade, se considerarmos as promessas pouco modestas de galardão e a espantosa natureza das recompensas prometidas nos evangelhos, diríamos que nosso Senhor considera nossos desejos não demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo seus bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia. Contentamo-nos com muito pouco. Não precisamos incomodar-nos com os incrédulos, quando dizem que essa promessa de recompensa transforma a vida cristã num empreendimento mercenário. Há vários tipos de recompensa. Existe uma recompensa que não se relaciona com os esforços que você faz para alcançá-la e é inteiramente alheia aos desejos que devem acompanhar esses esforços. O dinheiro não é a recompensa do amor; por isso chamamos de mercenário o homem que casa por interesse. Mas o casamento é a recompensa lógica da pessoa que ama, e essa pessoa não é mercenária por desejá-lo. O general que se distingue em combate na esperança de ganhar um título de nobreza é mercenário; o que se bate pela vitória não o é, visto que a vitória está para a batalha como o casamento para o amor. As verdadeiras recompensas não se adicionam simplesmente à atividade que premiam, são a própria atividade em consumação."

- C. S. Lewis

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